Morrer em teu corpo e renascer
Semear o silêncio com a essência do eco do nada
Atravessar o anoitecer de tua fonte de dor
Inebriar-te toda noite
Apagar teus rastros diurnos
Desnudar tua máscara silente e vazia
Desfolhar toda tua vaidade
Dissolver essa pérfida perfeição
Labiar as cinzas de todo o teu sofisma
Mostrar-te o pedaço vivo meu que vive em ti
Fazer-te abismo
Sangue
Sonho
Alucinação
Pois no vazio te iluminei
Fiz longínqua a essência da luz
Curvei-te aos horizontes
E sob tuas linhas me perdi
Talvez eternamente em um sentir sem nome
Ofereci excessivos beijos
Inumanas paisagens
Levei-te ao encontro dos ventos
Teci seus passos como sagrados
Exaltei-te aos deuses
Ignorei a imperfeição
Suspendi tuas ilusões
Dei-te incontáveis versos puros
Fiz-te ver as eras sublimes
Inebriamos o horizonte ébrio
Julgando os ventos tenros
Criamos jardins sem nomes
Sonhamos com o fruto perfeito, contudo sabíamos que nunca seríamos os deuses que reinam no eterno
Pois existe uma voz taciturna e talvez primogênita
Sussurrando eternamente uma expressão com insinuações de morte
Diluindo ilusões nos olhos do amanhã
Onde a lucidez do grito é a consciência viva e exata
E se um instante dissolver a frágil substância do sonho?
E se um espinho sem nome dilacerar a ilusão?
Devemos ter sede do absurdo
Da imagem que tece o infinito
Da ilusão nostálgica do sonho
Do eterno enigma que é o coração